Gigantomakhia – Os Novos Deuses de Outrora.

“Do abismo incompreensível emerge o improvável, a beleza monstruosa daquilo que é intangível a nossa percepção”.

O peso esmagador e incomensurável do mundo!

Diante de nossos olhos, as cortinas de uma realidade brutal se abrem, remontando os fragmentos do mito perdido!

Gigantomakhia, a colisão entre “Deuses” e Titãs, donde somos apenas meros espectadores frente a um destino inexorável.

É neste contexto, um dos consagrados mitos da mitologia grega que, a epopeia de “Delos” e “Prome”, em um mundo estigmatizado pelos flagelos da ação humana, é narrada.

“Gigantomakhia ilustra um trecho da jornada de Delos e Prome, em um mundo estéril e maculado, na busca pelos Fragmentos de “Gaia”, capazes de restabelecer a vida no planeta, isso se, “O Império”, representado principalmente pelos remanescentes da raça dos homens, não desejasse localizar e possuir tais “fragmentos” por seus próprios objetivos obscuros”.

Dualidade. Esse é o elemento que define cada um dos aspectos desse universo singular.

Delos - Perfil

Delos

Delos: Artista Marcial, sobreviveu as duras provações do campo de batalha, como gladiador, nos domínios do império. Sua conexão com Prome, bem como seu passado são ainda incógnitas.

Possuidor de grande força física, seus poderosos punhos refletem a gentileza que existe em seu coração. Seu propósito é derrotar os titãs enviados pelo Império, juntamente com Prome.

*Curiosidade* O nome Delos deriva da ilha grega, de mesmo nome, localizada no arquipélago das Cíclades, ao sul do mar Egeu.

   Reconhecida por sua grande força/influência política, era um dos principais centros comerciais durante os séculos I e II D.C.

 

De acordo com a mitologia, a pequena ilha de Delos (com apenas 3km² de extensão), com seu ambiente estéril e escassez de água (potável), era incapaz de sustentar o desenvolvimento de vida.

Todavia, foi exatamente por esse motivo que, Leto, fugindo da ira de Hera, foi capaz de encontrar asilo nesta ilha e conceber os deuses gêmeos: Artemis e Apollo, filhos de Zeus.

  • Em outras versões do mito, a ilha fora criada, atendendo as súplicas de Zeus (Amante de Leto),  por seu irmão, Poseidon, que utilizando do poder de seu tridente, emergiu a ilha das profundezas do oceano, consequentemente, nomeando-a Delos, que no grego arcaico, significa Aparente/Visível.

Delos era considerada, pelos gregos antigos, como o centro do arquipélago das Cíclades e, como o último lugar sobre a terra, na qual residia os remanescentes dos Hiperbóreos (Hyperboreans), povo fantástico, intimamente ligado a veneração do deus Apolo.

Prome

Prome

   Prome: Entidade humanóide, de natureza desconhecida, tem como protetor o lutador Delos.

Possuidora de grande empatia e habilidade curativa, busca localizar e interceptar os demais Fragmentos de Gaia, antes do Império.

Embora sua origem também seja uma incógnita, parece demonstrar particular interesse em compreender o funcionamento do mundo e como conduzi-lo rumo a um ciclo de vida e renovação, contrariando as intenções obtusas do Império.

*Curiosidade* O termo Prome, provavelmente, é um diminutivo que referencia ao termo Prometheus.

Prometheus, da raça dos gigantes (Titãs), fora incumbido da tarefa de criar o homem, essa tarefa fora-lhe dada como recompensa por sua recusa em guerrear, juntamente com seus companheiros Titãs (Na batalha conhecida como Gigantomaquia) que, derrotados, foram enviados ao Tártaro, pelos Olimpianos.

Do barro, surgiu o homem, moldado pelas poderosas mãos do Titã Prometheus.

Do amor de Prometheus pelos homens, sua criação, surgiram inúmeras desavenças entre ele e os Olimpianos, que em seu furor cego, dirigiram sua ira sobre a humanidade.

Dentre todas as calamidades, talvez, a mais conhecida, seja a criação de Pandora, a primeira mulher, enviada por Zeus, para trazer ruína ao mundo dos homens.

De todos os pecados do Titã renegado, um dos maiores (e mais recordados) foi o de conceder o fogo, aos homens.

O fogo, elemento permitido somente aos deuses, agora profanado nas mãos dos homens usurpadores.

Não obstante, como punição, Prometheus fora acorrentado no topo da montanha do Cáucaso, onde seu fígado era devorado, dia após dia, por uma águia gigante, graças ao dom da imortalidade e da regeneração concedidos ao gigante, a fim de estender sua punição por toda a eternidade.

[Discussão] ~ Traçando um paralelo entre o enredo e suas (possíveis) referencias mitológicas, poderíamos presumir que:

Tanto Prome quando Delos, possuem ligações, senão vínculos com o sistema denominado Império, ora mencionado Olimpo por um remanescente da raça dos homens (Hu).

Olympus

O Gigante do Olimpo

Assim como Prometheus, seria natural estabelecermos um raciocínio de que Prome possa ter sido banida ou abandonado o Império, devido diferenças ideológicas entre a possível utilização dos Fragmentos de Gaia, seja para fins bélicos ou para o re-estabelecimento da biodiversidade e de condições mais propícias à vida e seu desenvolvimento, no planeta.

  •    Sobrevivendo nos campos de batalha, seria Delos, reconhecido (ainda nos domínios do Império) por Prome pela sua virtude de promover a vida, mesmo quando fadado a um destino inexorável de morte inescapável?

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Ainda com relação a Delos, ou melhor, a sua vestimenta, teríamos um vislumbre de sua origem, ou possível explicação sobre sua trajetória?

O Símbolo

Por trás do Símbolo

Acima, à esquerda, o passado de Delos, ainda como gladiador. À direita, como guardião da entidade Prome. Teriam esses símbolos algum significado mais profundo e revelador?

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A relação Delos-Prome, me fez recordar e associar esta obra ao jogo eletrônico Drakengard, franquia desenvolvida pela desenvolvedora Square Enix que ilustra a jornada de um guerreiro e seu dragão vinculados através de um pacto de vida (e morte), que lutam contra a hegemonia de um grupo obscuro que planeja conquistar, pela força, todo o mundo.

Drakengard (Drag-On Dragoon [ドラッグオンドラグーン]) é uma franquia de considerável renome no Japão. Embora a franquia possua, atualmente, vários derivados, o enredo não possui, necessariamente, conexão direta entre um jogo e outro, permanecendo assim, a ideia ou o contexto essencial estabelecido pela franquia, o de haver um vinculo de vida (ou seria morte?) entre usuário e companheiro, dessa forma, conectando um destino a outro, uma sina a outra.

Seria esta obra uma das referências de Miura para desenvolver Gigantomakhia?

O Povo do Deserto

Nos Domínios da Areia

(Mu)

Os Mu são todos os povos não-humanos ou humanoides que povoam o mundo.

Hu

Hu

Em oposição a este(s) grupo(s) estão os Hu, representados pelos homens e os remanescentes da humanidade.

Este último grupo (Hu), de alguma forma, possui apoio do Império e, através desse subsídio, busca localizar todos os Fragmentos de Gaia, utilizando dos fragmentos já capturados, os gigantes (Titãs), como meio para seus fins obscuros, transformando a vida em morte.

Convertendo o potencial para a vida dos gigantes em armamento bélico.    Tornando os mensageiros da vida, arautos de um destino indefectível e inexorável.

No deserto, o Clã dos Scaraves (Escaravelhos), coexiste com os insetos, dos quais assimilou características e funcionalidades necessárias a sobrevivência neste lugar inóspito Entretanto, sua sobrevivência deve-se também a

O Deus do Solo Fértil

O Deus do Solo Fértil

Hapi Deus do Solo Fértil [Fragmento de Gaia]: Titã, oriundo da divindade primordial, Gaia.

Por essa razão, sendo denominado Fragmento de Gaia, assim como seus irmãos e irmãs.

Sua existência, no deserto, é suficiente para sustentar e promover a vida. É venerado pelo Clã dos Scaraves como seu Deus e protetor, sendo por essa razão, protegido e guardado pelos escaravelhos.

O Deus do Nilo

O Deus do Nilo

*Curiosidade* Hapi O Deus do Solo Fértil fora venerado pelos antigos egípcios como, não apenas, o criador do universo, mas, como o criador de todas as coisas vivas, contrariando o senso comum, que considera Osiris, a divindade suprema egípcia.

Isso se deve ao fato de que, Hapi, Deus da água e da fertilidade, era considerado o deus do (Rio) Nilo, primordial, para a vida no deserto.

Descrito como uma divindade gêmea [Rap-Reset (Alto Egito) e Rap-Meht

(Baixo Egito)], Hapi governava todas as porções do Egito (Alto e Baixo Egito), sendo representado ora despejando água de uma jarra (Inundação), ora amarrando plantas representantes de cada porção do Egito (Papiro e Lótus) em um nó, cuja forma era semelhante a palavra hieróglifa “Sema”, que significa “Juntos/Unidos”.

Seu papel, vinculado a conexão do Nilo e a inundação, o transformaram em uma das maiores, mais populares e poderosas divindades do Egito Antigo, embora nenhum templo em sua homenagem tenha sido descoberto ainda.

O Patriarca

O Patriarca

   O Patriarca: Representante máximo do Clã dos Scaraves conduz a sobrevivência e perpetuação de seu povo, no deserto.

Guardião e protetor máximo do “DeusHapi, instiga grande rancor pelo “Império” (responsável pela aniquilação de seu povo), que busca localizar e capturar um dos fragmentos de Gaia, Hapi.

Ogun

Ogun

Ogun: Guerreiro, que graças à simbiose, é capaz de utilizar as características insectóides adquiridas a seu favor, tornando-o assim, um combatente formidável e temível.

Seus punhos carregam o ódio e a dor do Clã Scaraves, dizimado e reduzido pelas atividades nefastas do império.

Gohra

Gohra

   Gohra (Gora): Gigante fantástico, personificado por Delos, concebido graças à união e sincronia deste com Prome.

É através deste gigante de força incalculável, que a dupla espera neutralizar e rechaçar as ações do “Império”, bem como os Titãs sob o controle dos “Oráculos”.

Oráculos

Oráculo: Representantes do “Império”, natureza desconhecida.

Embora sejam os únicos representantes do “Império” revelados, provavelmente, pertencem a uma casta inferior da “hierarquia imperial”.

Aparentam possuir grande aptidão intelectual e psíquica, sendo capazes de controlar e escravizar os Titãs (Fragmentos de Gaia conquistados), transformando-os em ferramentas bélicas de poder monstruoso e devastador.

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E no fim? O que resta?

Gohra 3

Se pudéssemos desconsiderar o fato que, Gigantomachia é obra de Kentaro Miura, ou seja, retirando toda a “obrigatoriedade de leitura” e todo o “marketing” vinculado, o conjunto é uma obra densa e poderosa.

Infelizmente, somos tentados a menosprezar, senão desprezar o poder dos One-shoots.

Esquecemos que, geralmente, são através destas obras, que artistas iniciantes ou amadores, arriscam provar sua obra, seu traço ou até mesmo sua carreira.

Claro que, não estamos citando um amador, mas, um artista consolidado.

A real questão é que, são em obras como essa, nas quais podemos avaliar, e se encantar, com a sagacidade de cada autor, sua habilidade de escrever muito, utilizando pouco, a expressão gráfica passível de “N” interpretações, e assim por diante. No fim, penso que a beleza está em discutir e discutir, descobrir, ponderar e nunca chegar a uma conclusão absoluta ou sólida demais que limite as possibilidades que o conjunto pode nos oferecer Prome 2indefinidamente.

Gigantomakhia (por incrível que pareça), renderia uma análise, e consequentemente discussão, talvez maior do que sou capaz de promover no momento, e talvez, seja nestes momentos de breve impotência que resida à beleza de todo o conjunto.

Se perder no mundo dentro do mundo, maravilhar-se com as descobertas do invisível e quem sabe, em um futuro distante, continuar a acompanhar os passos firmes do guerreiro Delos e beber do “Néktar” da divindade Prome (Que Delícia!) no mundo desolado de Gigantomakhia, que afinal de contas, não está tão distante do nosso.

Aos companheiros de viagem despertos no mito outrora esquecido, até breve!

 

Obrigado

 

Gigantomakhia é publicado pela Editora Panini Comics em Volume Único.
Panini

 


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