[Review] Capítulo 353 – O Fragmento Final

Enquanto as representações mentais de Griffith e Guts se confrontam, Schierke e Farnese, em meio a perigos e surpresas, se defrontam com aquilo que parece ser o último fragmento.

O capítulo passado terminou com a armadura berserker possuindo o cão-Guts. Quando tudo parecia estar perdido, a representação mental da berserker armor, trazida dos sonhos de Farnese, se manifestou no subconsciente de Caska e deu um novo fôlego de esperança. Talvez por um efeito de afinidade ou identidade, a armadura berserker foi imediatamente atraída pela representação mental de Guts, o cão. No fim, vimos a armadura berserker vestir o cão e se adequar perfeitamente a ele. O formato novo da armadura acoplada ao corpo do cão ficou formidável, com um designer bastante dinâmico e arrojado. Mas muitos ficaram se perguntando pela espada gigante de Guts, já que Farnese também a trouxe consigo em seus sonhos. Assim, era inevitável não perguntar pela dragon slayer, assim como também era inevitável não suspeitar que ela apareceria. Pelo visto, Miura atendeu os nossos anseios.

Nesse quesito, Miura foi muito imaginativo, pois concebeu o manto negro de Guts como sendo uma extensão do rabo do cão e ainda lhe deu uma função de “mão”, já que o manto se mostrou capaz de agarrar a espada gigante e manejá-la habilmente. Nesse aspecto, Miura foi bastante criativo! A dragon slayer passou a ser uma extensão do cão, sobre a qual ele possui total controle como se fosse uma parte inata do seu corpo. O interessante de se notar aqui é que o cão-Guts maneja a espada com força e agilidade iguais às do próprio Guts. Isso mostra que Caska, inconscientemente, ainda se lembra das habilidades e capacidades de Guts. Aqui cabe fazer uma pergunta intrigante: quem invocou dos sonhos de Farnese a armadura berserker e a espada de Guts? Esta questão é interessante porque não foi Farnese que as invocou, mas ambas saíram sozinhas e espontaneamente da bolsa dela. Será se foi aquela pequenina Caska (ou o que sobrou da personalidade de Caska) que as invocou? Ou terá sido uma intervenção de Danan? Estas duas indagações são plausíveis, pois tudo está acontecendo dentro do Sonho de Caska e Danan está presente nesse sonho, mesmo que indiretamente. Então poderia ser uma coisa ou outra. Se não foi nenhuma dessas duas possibilidades, então pode ter sido uma reação instintiva de Farnese ou apenas puro acaso.

 

 

Tão logo o cão entrou em modo berserker, a maldição da armadura o dominou e ele entrou em estado de excitação e agitação, indo para cima dos “apóstolos” e atacando-os implacavelmente. Ainda bem que sua fúria destrutiva se voltou contra a massa medonha dos “apóstolos” e livrou Schierke e Farnese de tê-lo como inimigo. Isso sem dúvidas foi um alívio e deu novo fôlego as duas bruxinhas. A ajuda do cão nesse ponto foi muito oportuna, pois deu tempo suficiente para que Schierke e Farnese recuperassem o caixão e dessem continuidade a subida até o último fragmento. Essa foi sem dúvidas uma ótima vantagem, mesmo que tenha sido por pouco tempo.

E era de se esperar que o Guardião do Último Fragmento não ficaria parado frente a essa nova ameaça, mas agiria imediatamente. Foi exatamente isso que se deu! Já que o cão-Guts estava entre ele e o caixão, então seria esperado que a sinistra Coisa Alada atacasse o cão. Foi precisamente isso que ocorreu! O Falcão Negro mergulhou em direção ao cão com o claro propósito de trucidá-lo com suas afiadas garras negras. Nesse momento, a criatividade de Miura entrou em cena novamente para nos surpreender. É provável que a maioria (e eu me incluo nela) esperasse que o cão-Guts usaria a espada para contra-atacar. No entanto, não foi isso que sobreveio! Para a surpresa geral, o inesperado aconteceu: o cão-Guts sacou um canhão de dentro da própria boca e disparou contra o Falcão Negro, atingindo-o no lado direito da face e revelando Um Olho. Mesmo esse potente contra-ataque não foi capaz de repelir ou cessar a investida do Falcão Negro, mas foi preciso o cão-Guts usar a dragon slayer para contra-atacar novamente e livrar-se do ataque letal das terríveis garras. Aqui vale lembrar que Guts já usou a boca como arma em batalha várias vezes, de modo que nos perguntamos se foi nesse sentido que Miura usou o fantástico artifício do canhão saindo de dentro da boca do cão.

 

 

É importante notar nesse ponto que o olho (ou O Olhar) do Falcão Negro não nos é estranho, mas é bastante familiar. O olho do Falcão Negro lembra muito o Olhar de Femto, ou melhor dizendo, é idêntico ao olhar de Femto. Nesse ponto, não poderíamos deixar de perguntar o porquê dos olhos do Falcão Negro estarem encobertos! Nesse sentido, fica a impressão de que a forma verdadeira do Falcão Negro não é essa aí que vemos. Essa aí seria apenas uma casca encobrindo a forma verdadeira. Já que esse olhar se parece tanto com o olhar de Femto, então é provável que a forma autêntica e final desse Falcão Negro seja a própria forma de Femto. Se for esse o caso, então seria presumível pensar que a verdadeira representação de Femto no inconsciente de Caska ainda não se manifestou em toda sua magnitude e potência.

 

 

Mesmo ocupado confrontando diretamente o cão-Guts, o Falcão Negro não cessa de expelir de suas asas aquela pestilência e criar mais e mais “apóstolos”. Isso se mostrou um grande problema, pois complicou perigosamente a tarefa de nossas duas bruxas. Nesse ponto da jornada, os Elementais estão ocupadíssimos lutando contra a massa hedionda de “apóstolos” e não podem vir em socorro de Schierke e Farnese. O cão-Guts, já dominado pela maldição da berserker, não tem mais o instinto e a noção de vir proteger o caixão. Para piorar ainda mais a situação, os feitiços que elas trouxeram dos seus sonhos se esgotaram. Assim, nossas duas bruxinhas ficaram indefesas. E para piorar ainda mais o que já estava pior, uma terrível horda de “apóstolos” se lançam em direção a elas.

Mas nem tudo está perdido, pois Miura tinha uma carta na manga e guardou o melhor trunfo para o final. Em meio a essa atmosfera de pessimismo e desespero, surge uma esperança. Nesse momento decisivo e de extremo perigo, a antiga mestra de Schierke, a bruxa Flora, reaparece. O que aconteceu foi que um pequeno redemoinho de pétalas de cerejeiras envolveu o chapéu de Schierke e fez Flora emergir de lá de dentro, igual o gênio da lâmpada mágica de Aladim. É evidente que isto foi uma intervenção direta de Danan, pois as pétalas são idênticas àquelas que estão guiando Schierke e Farnese no interior da Alma de Caska desde o início. Assim, não há dúvidas de que foi a magia de Danan que tornou possível a manifestação da antiga memória que Schierke tinha de sua professora. Isso seria o mais provável de se presumir, já que o espírito de Flora, por conta própria, não seria capaz de se guiar pelos sonhos de Caska e atingir as profundezas da alma dela, mas isso só seria possível com a magia dos Caminhos dos Sonhos de Danan. Penso que a manifestação do espírito de Flora só foi possível ali porque Schierke é muito apegada aquele chapéu e o tem como a lembrança mais querida de sua mentora. Assim, penso que só foi possível para Danan fazer o que fez graças a intensa relação afetuosa de Schierke pelo chapéu. Aliás, foi a própria Flora que confeccionou e costurou aquele chapéu para Schierke.

 

 

É interessante notar que no instante em que as pétalas de cerejeira envolveram o chapéu e o fizeram levitar, uma voz sussurrou na mente de Schierke as seguintes palavras: “entre suas inestimáveis memórias”. Isso me leva a crer que foi a própria Danan reavivando e trazendo à tona a lembrança mais preciosa de nossa querida bruxinha. Mais uma vez foi belíssimo ver Flora tomar a forma elemental do fogo e transformar-se em chama-viva. Mas, mais ainda, foi belíssimo ver a sua magia em ação, incendiando e incinerando os malditos “apóstolos”. Flora salvou sua amada pupila pela segunda vez, pois a massa horrenda de “apóstolos” já estava para alcançá-la. Essa segunda vez foi semelhante a primeira, em que Flora se converteu em chamas para combater Grunbeld e os demais Apóstolos, criando uma imensa muralha de fogo e dando tempo para que Guts levasse Schierke a salvo para longe dali.  Aqui vale lembrar que Flora prometera a Schierke que elas se veriam de novo nos sonhos. Mas como Flora sabia disso ainda naquela época? Sabemos que Flora sabia que o propósito de Guts era levar Caska para Elfhelm e sabemos que Flora era natural de Elfhelm, logo conhecia Danan e seus poderes mágicos. Assim, Flora sabia que Danan seria capaz de curar a mente fragmentada de Caska através da magia Caminhos dos Sonhos, e daí deve ter deduzido que o destino conduziria Schierke aos sonhos de Caska. Deve ter sido assim que Flora previu que elas se encontrariam novamente no Mundo dos Sonhos.

 

 

Por fim, graças a força bruta dos pequenos Golens, a carona alada de Serpico e a cabeça-elevador de Mosguz, Schierke e Farnese alcançam o último fragmento de memória e ficam diante de algo bastante perturbador e curioso. O Último Fragmento está representado pelo feto do filhinho de Caska, abortado depois do Eclipse devido ao estupro demoníaco. Sendo assim, já que o aborto do filhinho de Caska foi uma consequência direta do Sacrifício e do estupro, é provável que este último fragmento contenha a triste lembrança de Caska sendo estuprada por Griffith na frente de Guts, assim como também a macabra lembrança de seus amigos sendo devorados vivos pelos monstruosos Apóstolos. Mas se a forma do Último Fragmento é a do feto abortado, isso pode significar que o sentimento da perda do seu filhinho gerou e desencadeou um efeito negativo e danoso na alma dela, desembocando na insanidade.

Caska sabia que estava esperando um filho de Guts, e, por um instinto materno, sabia que seu filhinho estava em risco, tanto que houve um momento durante o estupro que Caska pediu a Griffith para parar.  É provável que no momento em que o membro viril de Femto a penetrava, Caska deve ter sentido seu útero ser inundado e maculado pelo esperma demoníaco de Femto, e sentiu que aquilo poderia matar seu filhinho. Talvez o medo iminente de perder o filho a fez entrar em um estado profundo de desespero e agonia, que, por sua vez, traumatizou sua alma, fragmentou sua memória e regrediu sua mente a um estágio infantil.

 

 

Aqui cabe uma última observação: é provável que Caska, na ânsia de renegar todos os sinistros eventos que foi obrigada a presenciar durante o Sacrifício, tenha espremido todas aquelas terríveis memórias para o seu inconsciente, fugindo delas; negando a realidade delas na tentativa de anulá-las de seu consciente. Talvez a brusca e violenta supressão dessas horríveis lembranças tenha lhe causado um efeito psicológico danoso, remetendo-a temporalmente a época em que ela era um bebê. Talvez Caska tenha fugido para a sua tenra idade mental como forma de esquecer, negar e anular de sua mente os Horrores do Eclipse. E, talvez, a raiz de todo esse transtorno psicológico esteja na perda precoce de seu filhinho. Assim, esperamos que este último fragmento ponha isso a prova e lance luz sobre essa questão!

 


 

Apostas e previsões: O próximo capítulo pode reservar mais reviravoltas na trama. Será que teremos mais surpresas e novas aparições? Será que o Falcão Negro tentará impedir de algum modo que Schierke libere as lembranças do último fragmento? Será que a muralha de fogo de Flora será suficiente para repelir o miasma a tempo de Schierke concluir sua missão? Será que o cão-Guts será capaz de segurar o Falcão Negro a tempo de Schierke terminar sua tarefa? Já que Schierke e Farnese conseguem sentir e captar os sentimentos de Caska, qual será a reação delas ao contemplarem as cenas pavorosas do Ritual de Sacrifício? Enfim, são muitos “serás”! E você, o que espera para o capítulo 354?

 

 

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