Berserk: Arco do Falcão Milenar – Capítulo das Flores do Esquecimento – História completa

Espada de Berserk: A fúria de Guts

História e arte de Kentaro Miura

Adaptação escrita do jogo de Rogério Teodoro dos Santos

Arco do Falcão Milenar: Capítulo das Flores do Esquecimento

“Um guerreiro atormentado chega a uma terra assombrada por um destino maligno. Ele não é como os homens comuns, pois ele carrega a Dragon Slayer – uma poderosa espada vingativa, cuja fúria não se conhece igual. Seus inimigos saberão o verdadeiro medo, uma vez que ele começar a brandi-la.”


        

Capítulo 1

À beira da estrada, uma carroça encontra-se quebrada e seus ocupantes lamentam sua terrível falta de sorte.
Um dos integrantes é Rita, uma adolescente que está acompanhada de um cachorro e pede para que Job, a qual ela considera possuir grande força física equivalente a dois homens, ajude no conserto do transporte.
Enquanto isso, alguns bandidos se aproveitam da situação para armar uma emboscada. Eles saltam na direção da carroça armados com espadas. Um deles diz que Rita poderia ser vendida a um bom preço no mercado.

“Não toque em mim, seu bastardo” diz Rita, saltando para trás com tom de nojo.

Nesse momento, Caska aparece caminhando em direção ao cãozinho de Rita acariciando-o. Os bandidos e Rita se perguntam quem é ela e o que está fazendo. Eles percebem que há algo de errado com ela.
Um deles diz que Caska é muito bonita e sugere levá-la pra se ‘divertirem’ depois. Outro bandido concorda com idéia e tenta tocar o rosto de Caska. Nesse momento, sua mão é atingida por uma adaga arremessada.

“Quem foi!”

Um som metálico de armadura, a gigantesca espada Dragon Slayer e o inconfundível estigma do sacrifício, anunciam a chegada de Guts, o Espadachim Negro.

“Maldito! Você vai morrer por ter feito isso!” diz um dos bandidos.

“Duvido muito.” diz Guts, sem muita animação.

“Quem você pensa que é? Essa espada grande não te salvará grandalhão!” o grupo de bandidos parte pra cima de Guts.


Guts acaba facilmente com o bando. Ele parte em direção à Caska enquanto recebe os agradecimentos de Rita e seus companheiros por ter salvo suas vidas.
O cachorrinho de Rita corre freneticamente com Puck em suas costas. O animal freia buscamente fazendo o elfo cair de cara no chão.

“Ei cara, se alguém o agradece, pelo menos o escute. Diga que nós precisamos de comida, dinheiro e algo bom pra mim.” diz Puck.

“O que é isso? um bicho?” pergunta Rita, espantada com sua visão.

“Que menina grossa, não sou um bicho, sou um elfo, o adorável Puck!”

Rita fica maravilhada e se apresenta dizendo ser uma artista ambulante. Puck diz que o guerreiro se chama Guts – a sua casa – e a moça, Caska.
Rita pergunta a Guts se ele é um mercenário, pois é estranho que ande com uma mulher naquelas condições, enquanto aponta para Caska brincando com seu cachorrinho. Guts fecha sua cara, então Rita se desculpa, dizendo que não queria ofender e que estava na mesma situação.
O condutor diz que consertou a carroça e já podem partir. Rita então, diz que eles atuarão na cidade próxima e que se eles estiverem indo para a mesma localidade, poderiam assistir ao seu show. Ela se despede e agradece mais uma vez a Guts por ter salvo sua vida.
Puck diz que ele também é um artista ambulante. Caska vai em direção ao caminho que Rita fez e Guts tenta pará-la. Puck acredita que ela quer ver o espetáculo de Rita e sugere a Guts para levá-la até lá.

“Idiota, não vou perder tempo com coisas tão triviais.”

“Mas mesmo você precisa descansar de vez em quando. Se não se divertir, vai se tornar um resmungão…” Puck fica importunando ao seu redor até Guts dar um tapa nele. Ele aparentemente concorda com a idéia ao notar que precisam de comida. Puck voa alegremente em direção a Caska.
O estigma de Guts está sangrando fazendo-o chegar a conclusão de que havia algo de errado com aquela carroça.
Os três viajantes então, partem em direção a cidade mais próxima.


Eles chegam finalmente aos portões da cidade. Ao adentrarem, Guts observa as pessoas de modo desconfiado e passa seu braço pelo ombro de Caska como um instinto de proteção. Atrás deles, em um canto da rua, pode ser vista uma pequena planta que passa desapercebida por eles naquele momento…

O trio avista uma multidão reunida com aparente alegria. Eles se aproximam e vêem Rita e seu cãozinho, que atende pelo nome de Iruku, fazendo um número de acrobacia. A multidão aplaude e Rita anuncia seu número final envolvendo o gigante Job.
Job levanta um objeto muito pesado e começa a girá-lo. A força centrífuga acaba por fazê-lo cair e tirar o tecido que cobria seu rosto. A multidão ri com sua queda, deixando Job irritado. Ao se levantar, a platéia assustada percebe algo diferente.

“Ele está possuído pela Mandrágora! Monstro maldito!”

“Mandrágo-o quê? se pergunta Puck sem entender nada.

As pessoas irritadas começam a atirar pedras em direção à Job, pedindo para que ele saia da cidade. Rita derruba um dos agressores perguntando o que ele havia feito de errado com eles.
Por ser um zumbi da Mandrágora, eles não podem deixá-lo solto por aí, argumenta o agressor que completa dizendo que Rita sabe muito bem disso. Tamanha hostilidade faz com que Job revele uma estranha força que assusta até mesmo Puck.

Tentáculos brotam de seu corpo e revelam uma pele parcialmente deformada. Ele agarra e arremessa uma pessoa com seu tentáculo e Rita pede para que se acalme, mas já é tarde. Job está furioso, ataca mais pessoas em seu caminho até chegar diante de Guts, que não vê outra alternativa a não ser enfrentá-lo.


Guts vence a luta e acaba matando Job. A multidão expressa sua felicidade ao ver o que chamam de ‘monstro mandragorano’ morto. Alguns até chutam e o chamam de nojento. Rita, muito triste, diz que eles são assassinos. Então ela leva um tapa na cara.
Revoltada com a situação, Rita olha pra Guts e lança uma adaga em direção ao seu rosto, que é facilmente interceptada pelo espadachim – ele pega o objeto arremessado com dois dedos.

“Maldito! Ele não fez nada de errado, não precisava matá-lo…”

“Eu não tenho piedade para com monstros!” retruca Guts, enquanto se vira e caminha em direção à Caska.

Rita diz que ele está errado e que Job não era um monstro. Um barulho de cascos e rodas girando interrompe a conversa.
Uma bela carruagem pára, guardas escoltas abrem a porta e uma figura nobre desce.


O conselheiro real pede para que ninguém toque no corpo pois Balzac vai examiná-lo. Balzac inspeciona o corpo e, diante de feridas tão grandes e profundas, conclui que o homem a sua frente que portava uma espada imensa havia feito aquilo. Ele pergunta a Guts se era ele, e Guts responde afirmativamente.

“Eu sou Balzac, o governante desta cidade” apresenta-se formalmente o nobre.

Ele agradece a Guts e lamenta que infelizmente o único método conhecido para deter uma pessoa portadora daquela doença, quando enlouquece, é a morte.
Guts pergunta que tipo de doença era aquela, então Balzac conta sobre ela.
Tudo havia começado há alguns anos atrás em uma vila próxima, nos arredores de seu território e ninguém encontrara uma cura até o momento. Ao ver Caska tentando pegar Puck, Balzac pergunta se ela também estava possuída pela Mandrágora. Guts responde com convicção que ela não tem nada a ver com aquilo.

“Hmm, talvez. Mas vejo que sua mente não está bem. Creio que nossos médicos poderiam ajudá-la, o que acha?”

“O que você quer dizer?”

“Estamos buscando desenvolver uma cura para os possuídos pela Mandrágora.”

Balzac sugere que os sintomas dos Mandragoranos e de Caska são os mesmos, então talvez ele pudesse ajudá-los. Além disso, o recompensariam por sua ajuda mais cedo. Ele então os convida para o seu castelo. Guts aceita o convite e Balzac pede que seus guardas acomodem seus hóspedes na carruagem.
O conselheiro indaga se deve continuar com o plano e Balzac responde que sim. Após partirem, os guardas prendem Rita.


Castelo de Balzac —

Guts, Caska e Puck adentram o imenso castelo. Após subir uma escadaria, Balzac decide mostrar algo a Guts e pede para que vá sozinho pois considera muito perigoso. Puck acalma Guts e diz que cuidará de Caska durante a conversa. Sendo assim, Guts segue Balzac para uma sala especial e pede para que o procure caso ocorra algo.
Sozinha, Caska se anima e corre pelos corredores do castelo. Ela pára diante de um belíssimo e gigantesco quadro pendurado à uma parede.

A pintura retrata uma linda jovem e Puck impressionado diante tamanha beleza se pergunta quem seria essa bela moça.


Chegando à sala secreta guiado por Guillauve, conselheiro real de Balzac, Guts sente seu estigma reagir mais uma vez. Ele leva a mão à nuca e Balzac pergunta o que houve. Guts diz que não é nada e questiona o que é aquele lugar. Balzac diz que são calabouços onde os Mandragoranos são colocados em quarentena para evitar que ocorra uma tragédia caso fiquem loucos – como o homem que Guts matou.

“Atualmente estamos buscando uma cura pra essa terrível doença. Mas para evitar o pânico, mantemos esse lugar em segredo dos moradores da Vila.”

Balzac leva Guts para outra sala onde pesquisadores estão trabalhando. Ele pergunta se Guts sabe algo sobre a posse da Mandrágora. Ele diz que não sabe nada, então Balzac conta que há alguns anos, uma doença se espalhou em uma vila sob seu comando. Do nada, a vila inteira foi possuída por terríveis criaturas. Os possuídos ficavam loucos e ninguém sabia a causa.
Surgiram rumores que se tratavam de plantas estranhas nunca antes vistas. Elas começaram a infestar todo o reino se movendo sozinhas toda a noite e pegando as pessoas desprevenidas. Pela sua aparência, que lembrava a forma humana, e seu efeito sobre suas vítimas, as pessoas a chamaram de Mandrágora.
Se assustadas, as plantas atacam e injetam um veneno deixando as pessoas loucas. No entanto, elas acabam por curar as doenças do corpo.
Existe uma lenda que diz que a planta pode curar os infectados e lhes dão juventude e vigor. A lenda é verdadeira.
Guts diz que ouviu algo parecido. Que quando a planta é arrancada da terra, elas gritam de dor, e quem ouve esse grito…
Isso mesmo, morre instantaneamente, completa Balzac. Mas pelos benefícios, muitas pessoas arriscam suas vidas para conseguí-las.
Balzac reforça que depois de arrancadas da terra as plantas também morrem, por isso, seria necessário um coração de Mandrágora para fabricar uma poção de cura.

“Coração?” pergunta Guts.

“Quando uma Mandrágora cresce e se torna uma grande árvore, ela obtém um coração.” diz Balzac.

“Mesmo se elas forem cortadas, não morrem porque se regeneram rapidamente. Uma poção feita com o coração, nos permitiria acabar com a maldita Possessão da Mandrágora.”

Balzac lembra que tentou atacar a vila dos Mandragoranos antes de buscar um cura. Ele queria evitar que a doença de espalhasse, porém, os monstros os repeliram e acabaram com todos numa verdadeira carnificina. Somente ele sobreviveu levando consigo um pedaço de um coração de Mandrágora.
Mas somente um pedaço não era suficiente. Para curar tanta gente ele precisa de um coração completo e maior.
Guts pede para que pare de rodeios e vá direto ao ponto:

“O que quer de mim?”

“A vila fica do lado de fora do meu reino e o coração ainda está lá.”


Soldados de Balzac foram enviados inúmeras vezes desde o ataque à Vila em que apenas ele sobreviveu. A intenção era obter o coração da Mandrágora, mas nenhum soldado retornou vivo.
Balzac então, chega aonde queria:

“Precisamos desesperadamente de você Guts! Eu vi as suas habilidades e tenho uma missão para você.”

“Uma missão?”

“Uma proposta. Vá até a Vila e me traga o coração da Mandrágora. Como compensação, curaremos a sua amiga, o que acha? Um medicamento feito com o coração da grande árvore poderia curar a doença dela. Podemos ajudá-la.”

“Eu não confio em você Balzac, acho que você não me contou tudo, mas eu irei por Caska!”

“Excelente, temos um acordo.”


Caska vaga pelo interior do castelo enquanto Guts ainda está no salão secreto. Puck diz para ela não ir muito longe, então eles avistam Rita discutindo com soldados.
Rita pondera que não fez nada, mas é jogada ao chão pelos guardas. Eles reiteram que ela adentrou a cidade com um monstro a bordo, então ela deve pagar por isso. O guarda se posiciona para atacá-la mas Caska surge bem na hora chamando atenção dele. Rita reconhece Caska. Distraídos, os guardas recebem um inesperado ataque de flechas. São rebeldes que invadem o castelo.


De volta ao salão, Balzac diz que há uma freira na vila que vive junto aos Mandragoranos. Ela se considera a protetora deles e tem uma opinião diferente. Ela se recusa a receber ajuda e Balzac espera que talvez Guts faça com que ela mude de idéia.
Guts balança a cabeça negativamente e diz que não se dá muito bem com religiosos.
Guillauve interrompe a conversa dizendo a Balzac que a questão que haviam discutido estava quase no fim e eles não precisariam de ajuda. Com suas investigações poderiam fazer a cura.
Balzac se irrita e diz que está cansado, por isso não perderá mais tempo. Guillauve tenta convencê-lo e Guts houve um barulho.
Um guarda chega ao local com a mensagem da invasão rebelde ao castelo. Balzac e Guillauve ficam surpresos. Eles os haviam subestimado. Balzac se desculpa com Guts e parte para combater os rebeldes.


Preocupado com Caska, Guts também se dirige para fora do salão secreto. No caminho encontra Puck que traz más notícias: os rebeldes levaram Caska com eles.
Puck diz que fez o que pôde mas eram muitos. Ele sabe por onde os rebeldes foram então se dispõe a mostrar o caminho.

Balzac está surpreso pela invasão rebelde a seu castelo. Guillauve se ajoelha e se desculpa pelo ocorrido, já planejando uma retaliação. Balzac pede para que se apresse e esmague os responsáveis por esse insulto. Guillauve destaca um soldado especial para cuidar do caso.


“Maldição, onde eles foram!” Guts está desesperado para encontrar Caska. Ele procure por todos os lados pelas ruas da cidade. Puck pede calma a Guts, então avista o cãozinho de Rita. Puck consegue ler o que o cachorro está tentando dizer e Guts impaciente pergunta o que é.

“Ele sabe onde está Caska!” diz Puck.

“O que? Onde é?” pergunta Guts.

O cãozinho corre e se vira para eles. Puck sugere que ele quer que eles o sigam. Guts não pensa duas vezes e segue o cachorro.

Após algum tempo, eles chegam diante de uma porta cercada por homens. Um deles pergunta quem são. Guts se aproxima já impaciente e pergunta logo onde Caska está e o que haviam feito a ela. Puck diz que vieram por ela. Uma espada é apontada para Puck. Guts então agarra o cabo de sua Dragon Slayer e Puck diz para responderem logo ou estarão em apuros.
O guarda não sabe quem são eles mas já que viram o lugar, pagarão com a vida. Guts saca sua espada mas uma voz interrompe o duelo.

“Esperem, ele não é nosso inimigo.”

O líder rebelde surge de trás da porta. Ele sente muito pois só havia ouvido falar sobre Guts há um momento atrás. Então Rita surge junto ao líder.
Puck chama por Rita, mas ela passa direto por ele indo em direção a Guts. Ela dá um tapa na cara de Guts e pergunta o que ele esteve fazendo.

“Você a abandonou. Você se acha muito durão por carregar essa imensa espada nas costas. Mas você não pôde proteger uma mulher, ‘herói’.”

As palavras de Rita abalam Guts. Mas o jovem líder rebelde toca o ombro de Rita que se segura. O líder aconselha Guts a não ficar bravo com Rita pois ela lutou contra muitos soldados de Balzac. Além disso, Caska estava a salvo dentro da sede rebelde. O líder se apresenta como Dunteth e convida Guts a entrar para conversarem mais tarde.
Quando eles entram, uma pessoa é mostrada vigiando a conversa. Trata-se do soldado especial enviado por Guillauve mais cedo, um espião.


A sede mostra-se uma grande espiral de escadas em direção ao subsolo.
São ruínas que existem a séculos e a população sempre se refugiava nela quando eclodia uma guerra. Mas agora, ela se tornou um refúgio para os opositores de Balzac – a Resistência.

Enquanto descem, Dunteth pergunta a Guts se ele viu as estranhas salas do castelo de Balzac. Nelas os Mandragoranos são mantidos cativos como uma prisão.
Guts diz que viu e que ali é onde eles buscam uma cura para os Mandragoranos.
Dunteth então levanta sua voz exclamando que se trata de uma mentira. Que na verdade, Balzac quer usar os Mandragoranos como arma secreta. Ele realiza experimentos humanos em nome da ciência sob o pretexto de cidades e vilas estarem em perigo. Quando uma pessoa descobre a verdade ela é morta. Era o que estavam fazendo com Rita, que viu demais, quando eles chegaram.
Puck pergunta porque os rebeldes atacaram o castelo.
Dunteth diz que foi para libertar seus companheiros capturados. Eles levaram Caska pois achou que ela também era uma vítima dos experimentos humanos.
Para manter os Mandragoranos em segredo, Balzac proibiu os moradores da Vila de sairem da cidade e impõe o mesmo para quem vem de fora. Uma vez que alguém entra na cidade, jamais sairá vivo dali.
Puck diz que é uma coisa horrível.
Dunteth diz que eles vivem ali desde tempos antigos, mas como a cidade fica na fronteira, ela é frequentemente ocupada por muitos exércitos como base estratégica. Cada governante que a ocupava fazia o povo sofrer cada vez mais.
Guts questiona se Balzac era como esses governantes.
Dunteth responde que no começo não era. Os inimigos de Balzac o temiam como um monstro, mas ele não oprimia a população – seus súditos.
Eles então acharam que Balzac era um governante sábio e generoso, mas ele mudou desde que a epidemia apareceu, se tornando um tirano.
Eles chegam à base da resistência e Guts imediatamente pergunta onde Caska está. Dunteth os guia até uma sala próxima onde ela está hospedada.


Capítulo 2

Chegando à sala onde Caska está. Guts imediatamente vai a seu encontro e a agarra em um forte abraço. Ele pergunta se ela está bem e agradece a Dunteth por sua ajuda.
Dunteth quer saber pra onde Guts irá agora e ele responde que fez uma promessa à Balzac, ou seja, irá até a Vila Mandrágora obter o coração da grande árvore.
Dunteth não entende pois havia deixado claro sobre a tirania de Balzac, então porque ele ainda o ajudaria?
Guts olha para Caska e diz que precisa ir pois essa é uma grande chance de curá-la. O canalha Balzac sabe de alguma coisa e além disso talvez consiga produzir uma poção curativa.

“Uma cura?” pergunta Dunteth surpreso.

“Há um laboratório na sala secreta de Balzac, preciso que ele faça a poção curativa.” Responde Guts enquanto passa seu braço sobre os ombros de Caska.

“Mas você não sabe se ele está dizendo a verdade!”

“Dunteth, se isso for verdade, podemos salvar nosso filho!” diz a esposa de Dunteth que carrega em seu colo um bebê infectado pela doença. Ela reforça que, mesmo Balzac sendo um demônio, eles precisam tentar.
Dunteth passa a mão na cabeça do recém-nascido diz que talvez pode ser verdade, mas ele não aceitaria. Como poderia confiar em alguém que os oprime?
Esta cidade são deles, os tijolos são os ossos de seus antepassados e o cimento são seu sangue s cérebro.

Rita entra na conversa e diz que tudo isso é ridículo. Como pode deixar seu destino ser decidido pelo sangue de seus antepassados? Viver ancorado ao passado? O presente pertence ao vivos não aos mortos. Porque arruinar o futuro de uma criança por causa do passado?
Dunteth acredita que as coisas são assim, as pessoas são obrigadas pelo sangue de seus antepassados. Para Rita, Dunteth está equivocado, as pessoas são independentes, podem ser livres sem estarem presas a nada, indo aonde bem quiserem.

Dunteth diz a Rita que ela não tem família, que ainda é muito jovem e um dia lutará por sua própria causa. Ele espera que essa causa seja digna dessa luta. Rita sai da sala onde estão e Puck a segue.

Rita se refugia em um local onde jorra água. Ela está sentada em uma pedra com os braços em volta das pernas com um aspecto triste. Guts, Caska e Puck chegam ao local e Puck chama por ela.
Rita diz a Puck que sempre dependeu de si mesma sem ninguém para amá-la contando unicamente com sua própria força. Mas Puck pergunta sobre Job e ela diz que ele a seguia porque o alimentava. Ela ficou surpresa no começo mas ele era como uma criança, sempre sorrindo mesmo sem entender nada. Ela ainda não acredita que Job morreu.

“Me perdoe” diz Guts.

“Oh, está se desculpando? Não posso acreditar nisso!” diz Puck incrédulo no que acaba de ouvir. Guts dá um peteleco nele.

Rita diz que não foi culpa de Guts, já que se ele não tivesse feito algo, Job teria machucado Caska. Então diz que ela é quem deve se desculpar pelas coisas horríveis que havia dito.
Guts fala que talvez ela esteja certa quando diz que alguém é obrigado a agir por uma causa. É por causa de Caska que ele luta e um dia ela também fará por outras pessoas.
Dunteth chega dizendo que tomou uma decisão. Ele irá com Guts até a grande árvore buscar o coração e então negociarão com Balzac. Eles oferecerão o coração em troca do remédio. Guts concorda e Dunteth oferece um lugar seguro para Caska enquanto estiverem fora, mas Guts diz que ainda não confia nele. Guts é o único que pode cuidar dela, o único que pode protegê-la.
Puck pergunta se ele está preocupado com os fantasmas que podem atacá-la e diz pra ele ficar tranquilo pois sente que o lugar onde estão foi habitado por Elfos no passado.
O local é uma fonte de água da cidade e os antepassados de Dunteth haviam construído ali um santuário onde rezavam para os espíritos no passado.
Para Puck aquela sala é segura, nenhum espírito poderá entrar ali, ele tem certeza disso. Rita se dispõe a cuidar de Caska enquanto estiverem em missão. Guts agradece e pede para que fique com o arruaceiro Puck também, arremessando-o em direção à Rita. Puck esbraveja se esse é o modo como Guts trata seu melhor amigo. Com tudo combinado, Guts e Dunteth partem para a Vila dos Mandragoranos.


Ao ver Caska brincando com Puck, feliz e despreocupada, Rita se recorda de Job. Nesse momento, um som ecoa do lado de fora da sala.
A porta é arrebentada e uma pessoa cai perto de Rita. Um Mandragorano com armadura aparece e o conselheiro real Guillauve comenta que o experimento foi um sucesso. Com a força desses soldados Mandragoranos eles não se preocuparão com o coração da grande árvore. Ele se alegra em ver Rita novamente e pede para que o acompanhe.

Enquanto isso, Guts, Dunteth e alguns rebeldes estão a caminho da Vila Mandragorana. Eles atravessam uma floresta brilhante e de repente são atacados por animais infectados. Após se livrarem dos monstros, eles finalmente chegam à Vila.
Com uma grande igreja da Santa Sé na entrada, ela se parece com um vilarejo comum, com pessoas vivendo suas vidas normalmente, mas Guts ao entrar, já sente seu estigma reagir e sangrar.
Dunteth comenta que os ‘zumbis Mandrágora parecem estar tão vivos quanto eles. Um dos rebeldes diz que a culpa é toda dessas plantas, enquanto se abaixa e puxa uma Mandrágora enterrada no solo. Guts percebe e pede para ele não fazer isso, mas já é tarde demais.

A planta com formato humano emite um grito estridente e ensurdecedor quando arrancada do chão. Os rebeldes morrem instantaneamente, com excessão de Dunteth, e todos os zumbis da Mandrágora ficam furiosos. Um deles ataca e fere Dunteth mortalmente.

“Me perdoe, diga à minha esposa e meu filho que…”

Guts derrota alguns Mandragoranos mas uma freira surge e pede para que ele baixe sua espada e plante a Mandrágora de volta.
Guts interrompe seus golpes e a freira pessoalmente pega a Mandrágora caída perto do rebelde morto e a replanta.
Guts diz que ela deve ser a freira que cuida deles. Ela responde que se chama Irmã Eriza e questiona porque toda essa matança sem sentido. Segundo ela, aquelas crianças, agora calmas novamente, não fizeram nada e são inofensivas se não os atacar.


Rita aparece na Vila dizendo que levaram Caska e ele pergunta o que aconteceu. Rita diz que após sua partida as tropas de Balzac apareceram e atacaram o refúgio. Eles levaram Caska e disseram que para libertá-la você deveria levar o coração da grande árvore.

“Bastardo…Você ouviu irmã, onde está a árvore?” pergunta Guts impaciente.

Eriza se vira e conta uma história de sua Vila.


Havia uma criança nessa Vila chamada Niko. Era um menino ingênuo que as vezes fazia travessuras, mas era um menino com um coração bom.

Ele era amável e nunca odiou outras pessoas, nem sequer quando as pessoas da Vila o perseguiam com pedras e paus.


Niko era feliz só com o dom de viver, ele se maravilhava com o céu ensolarado e não se importava em ser pobre porque sempre sorria.


Mas até que um dia de um rigoroso inverno Niko estava prestes a morrer de fome pois as colheitas não haviam sido boas.

Nenhuma pessoa tinha lhe dado comida e com suas últimas forças conseguiu chegar à igreja. Mas Eriza não o escutou devido aos sinos de ano novo que abafou o som.


Quando ela o encontrou ele já havia morrido.
Eu sua mão, Niko carregava um estranho objeto em forma de ovo, acompanhado por seu sempre fiel amigo canino.

Eriza se lamenta dizendo que ele nunca fez nada de errado, só era um pouco diferente dos demais, então porque foram tão cruéis com ele? Por que foram tão desalmados? Por que Niko teve que morrer? Niko era a criança mais pura e doce que Eriza havia conhecido.
Guts conclui que isso tem a ver com os Mandragoranos. Mas eles mataram muitas pessoas, inclusive aquelas que o acompanhavam.
Eriza responde que foi porque arrancaram a planta. Os Mandragoranos não atacam ninguém contanto que não arranquem uma planta ou os incomode. Mas muita gente os persegue, os chamam de monstros e batem neles…Principalmente Balzac que os caçam, capturam e os matam como insetos sob o pretexto de ser para o bem da cidade.
Eriza acredita que os humanos são as almas mais difíceis de serem salvas pois são cruéis e ambiciosos e usam a violência porque vêem tudo como uma ameaça.
Ela implora para que deixem a vila, deixem-os sozinhos pois são felizes como estão.
Rita então diz que eles não fizeram nada para que os Mandragoranos os queira longe e não acredita que alguém queira se tornar um.
Eriza responde que ela quer. Ela pergunta para Rita quem é mais feliz, as pessoas da cidade toda ou as pessoas da Vila.
Orgulho, tristeza, ira e ambição ou amor e carinho? Quem é mais feliz? Os que sofrem com essas emoções que causam repetidas histórias sangrentas ou aqueles que mesmo se vendo diferentes estão livres disso para sorrirem e se divertirem como crianças com emoções verdadeiras.
O que você acha?
Antes de Rita responder, um garoto Mandragorano oferece uma flor a ela.
Guts responde que, se eles se vêem de uma forma diferente e seus corações são diferentes, então não são humanos. Ele diz a Eriza que ela está certa, os humanos são cruéis e ambiciosos e ela pergunta se ele concorda com ela. Guts responde que não, pois ele é humano e não se importa em ser cruel para conseguir o que quer.

“Sinto muito arruinar seus planos, mas terei de levar o coração da grande árvore. Fique quieta e não tente nada Irmã.”


Castelo de Balzac —

Caska está confirmada em uma cela. Mas Puck também está lá, tendo passado despercebido pelos sequestradores.
Ele se transforma em sua forma Puck castanha e solta sua frase:

“Puck ao resgate!”

Ele comenta que nunca confiou no velho barbudo conselheiro de Balzac. Caska o agarra e ele comenta que não é um brinquedo e que é melhor sairem logo daqui antes que os guardas o encontrem.
Como a cela não tem proteção élfica e com o cair da noite, os espíritos e fantasmas começam a aparecer e vão pra cima deles. Puck se desespera mas Caska sente uma fisgada em seu estigma. Uma figura alada surge diante de uma lua completamente cheia e de repente ela aterrissa desmoronando a cela.

Trata-se de Nosferatu Zodd em sua forma apostólica.
Com a brutal aterrissagem os espíritos se vão.

“Eu senti um sinal por perto, você é a mulher marcada do Espadachim Negro. Então ele deve estar próximo.

Zodd solta uma gargalhada de emoção.

“Interessante, finalmente algo divertido para fazer! Nos veremos em breve.”

Zodd levanta vôo e parte sumindo perante a lua cheia. Puck se sente aliviado e se pergunta o que o guerreiro imortal fazia ali. Ele percebe que a porta da cela foi destruída pelo impacto e aproveita o golpe de sorte para escapar com Caska.


Durante a fuga Puck percebe que é o mesmo local onde estiveram anteriormente. O lugar é sinistro e cheio de experiências bizarras parecendo mais uma sala de tortura. Até mesmo Caska se assusta e Puck diz que são experimentos com humanos. Os guardas estão atrás deles então Puck guia Caska por uma outra sala onde conseguem se esconder.

Diferente do local anterior, essa nova parece ser um belo quarto todo decorado e com um grande quadro na parede.
No canto está uma garota e Puck comenta que é a mesma garota vista no quadro quando estiveram lá da primeira vez. Caska e a garota logo se enturmam e Puck fica diante do grande quadro.

Na ilustração há um jovem parecido com Balzac junto de uma bela moça, então Puck se pergunta se ela é esposa de Balzac. Ele conclui então que a garota que está com Caska seja filha de Balzac.
A garota se parece muito com sua mãe e Puck questiona como um pai tão feio teve uma filha tão bonita? Ele acha que a maçã caiu longe de árvore e a garota teve muita sorte.
Os guardas se aproximam da sala, Puck se desespera mas acha uma porta secreta por onde entra com Caska.
Nesse novo quarto eles vêem um estranho feto deformado dentro de um recipiente. Ele logo chama atenção de Caska e Puck pede para que não toque naquilo, mas Caska talvez movida por um instinto maternal, tira o feto do líquido e o embala como um bebê.
Balzac chega e perguntam o que estão fazendo ali. Ele pede para que larguem o coração da árvore pois pertence a ele.
Quando Balzac vai em direção a Caska, ela se abaixa e o feto desperta emitindo um grito estridente. O feto envolve Caska com seus tentáculos e o quarto ameaça desmoronar. Balzac acha melhor sair dali e ir para o quarto de Annette.
Com o grito do feto, todos os Mandragoranos confinados nas salas do castelo de Balzac se agitam entrando em fúria. Na cidade, todas as plantas Mandrágoras saem do solo e marcham pelas ruas.

Na Vila, Guts e Rita entram na igreja da freira Eriza. Rita está confusa pois eles precisam do coração Mandrágora para salvar Caska. Guts inspeciona os móveis da igreja até encontrar uma passagem secreta sob o púlpito. Rita se pergunta porque a igreja teria isso.
Guts pede para que ela espera ali, mas Rita quer ir também. O estigma de Guts está sangrando e ele diz que se vira melhor sozinho saltando na abertura da passagem secreta.


Capítulo 3

Após fazer um longo caminho pelo subsolo da igreja Guts chega até uma enorme planta.
Eriza diz que ele enfim os encontrou. Guts saca sua espada e fala que não percebeu nada porque havia muitos ao seu redor mas agora pode ver claramente que Eriza também é uma Mandragorana. Ela diz que Guts nunca os entenderá e uma batalha se inicia.


O Espadachim Negro ataca ferozmente a gigantesca planta e depois de uma árdua batalha ele consegue vencer a Mandrágora. Guts consegue adquirir o corpo de Niko, o coração da Mandrágora, mas Eriza o pega de volta dizendo que não o dará a ninguém e nem o levará. Ela foge e Guts a segue.

Ao chegar a Vila, Eriza se depara com o local todo em chamas, com os soldados Mandragoranos de Balzac atacando e vencendo os Mandragoranos locais. Guillauve manda que a ataquem pois se trata de mais um monstro Mandragorana. Eriza entra em desespero:

“Isso nunca acabará! Oh, deus, me leve para o seu lado e traga paz a estes pecadores malignos.”

Eriza em posse do corpo de Niko em seus braços se atira no fogo que consumia a igreja enquanto Rita grita para ela não fazer isso.
Rita não acredita que Eriza se suicidou. Ela observa um estranho pingente no chão – o símbolo da Santa Sé com o estranho ovo azulado de Niko em sua base. Ela se pergunta o que é aquilo e acaba por guardá-lo.
Rita reconhece os soldados, são os mesmos que levaram Caska. Guts pergunta o que Guillauve está fazendo ali. Ele diz que o havia seguido e que graças a Guts tinham livrado o povo daqueles parasitas. Mas que infelizmente Guts é um estrangeiro naquela conflito e ele não permitirá que se intrometa em seus planos secretos.
Seus guardas cercam Guts e Rita e Guillauve diz para que faça o que ele diz pois tem uma pessoa querida dele como refém.
Nesse instante, um rugido anuncia a chegada de Zodd, que pousa violentamente na Vila.

“Zodd!” diz Guts.

“Um-um monstro!” Guillauve se assusta e foge.

“Parece que cheguei tarde para o espetáculo, eu queria lutar contra você novamente Guts. Mas Femt quer te ver antes que eu o esmague.”

“Griffith…!!!”


Guts pergunta a Zodd se planejam criar um exército de monstros. Zodd diz que talvez mais tarde, mas ele não veio para conversar e sim para lutar. Eles resolverão suas pendências ali e Zodd o ensinará o que é a verdadeira dor. Guts pede para que Rita se afaste e uma terrível luta se inicia.

A batalha se desenrola ferozmente e parece terminar em um empate. Zodd declara que está impressionado pois Guts se tornou mais forte. Guts pergunta porque Zodd parou já que ele ainda está vivo.
Zodd diz que já é o suficiente por hoje e que ambos tem outras coisas para fazer antes de saborear a morte da carne. Eles devem remover antes o que os impedem disso. Ele aconselha Guts a se apressar pois a garota marcada está em apuros. Zodd então vai embora e Rita pede para que Guts olhe ao seu redor.
Os parasitam morreram e as pessoas da Vila voltaram ao normal após a morte da grande árvore. Tudo voltara ao normal.
Mas as pessoas choram ao perceber a morte de seus entes queridos e acusam Guts de ter matado a todos pois ele está coberto de sangue. Eles atiram pedras em direção a ele.
Rita pergunta a Guts porque ele não diz a todos que não foi ele quem havia feito aquilo. Guts vira as costas e vai embora. Rita lembra que eles pareciam tão felizes antes… antes deles chegarem ali, e então vai embora seguindo Guts.


De volta à cidade, Puck pede para que Guts se apresse enquanto grita o nome de Caska. Guts pergunta o que aconteceu e Puck responde que ela pegou uma Mandrágora e os Mandragoranos presos escaparam do castelo como loucos. Balzac enviou suas tropas contra os Mandragoranos e na cidade as pessoas foram possuídas pelas flores e também se tornaram loucas.
A cidade está um caos, Guts salva duas pessoas de Mandragoranos no caminho para onde Caska está.
Ao chegar ao castelo e invadi-lo, Guts encontra Balzac sentado em seu trono.

“Você voltou! O que ela faz aqui?” pergunta Balzac se dirigindo a Annette.

“Maldito, o que você fez com Caska?”

“Essa é a questão. Não dá pra negociar de mãos vazias. Mas de qualquer forma, você chegou tarde demais seu idiota.”

Balzac se levanta de seu trono: “Não posso dar o que você quer se não trouxe o que quero.”

“Me diz uma coisa, te chamavam de sábio, o que fez você mudar?” indaga Rita.

Balzac finalmente revela sua história.
Quando era jovem ele teve de luta para proteger seu povo e para proteger sua esposa doente e fraca.
Ele não hesitava em arriscar sua vida e nem em derramar o sangue dos outros pelo chão. Ele era jovem e tinha pessoas para proteger, uma terra para governar e alguém para amar.
Ele não tinha medo de nada e pensava que podia suportar todo tipo de fardo. Mas pouco a pouco, como se fosse a neve se amontoando sobre ele, acabou sendo esmagado por esse fardo.

“Fardo?” pergunta Rita.

“Sim, eram tempos cruéis.” responde Balzac.

Ele diz que Rita é jovem e não compreenderia as tensões, batalhas intermináveis, uma terra turbulenta, indivíduos pobres e uma esposa que nunca vai se recuperar.
Tudo isso unido se tornou cada vez mais pesado. Era uma tristeza sem fim onde a esperança se tornara uma frustração e o amor se tornou uma obrigação.
Tudo o que Balzac valorizava se transformou em cansaço e a única coisa que o mantinha de pé era sua paixão em derramar sangue.
Derramar o sangue alheio era a única coisa que o emocionava. Sangue se espalhando para todos os lados abundantemente. Rios de sangue. Talvez no fundo, isso era tudo o que ele sempre quis fazer.
Mas agora essa alegria chegou ao fim…

“Mas o que acontecerá com ela? É tua filha. Por acaso não é motivo suficiente para viver?” indaga Rita apontando para Annette.

“Ela não é minha filha, é Annette, minha esposa!” rezponde Balzac.

Todos ficam surpresos.


Balzac caminha em direção a todos e diz que ela não tem idéia do que está acontecendo. Ela não sabe nem que é ele. Ele tira um recipiente do bolso e diz que todo dia dá a ela aquela poção extraída do coração da Mandrágora.
Aquela poção cura todas as enfermidades, cura todas as doenças, mas em contrapartida, ela também elimina suas recordações e emoções. Até mesmo o tempo em que passara com Balzac foi eliminado da mente de Annette.
Rita pergunta o que isso quer dizer e Balzac responde que o mais provável é que ela passe seus dias para sempre como se fosse uma criança.
Annette se aproxima de Balzac e passa sua mão sobre o cabelo dele. Balzac lamenta que, enquanto viver terá a maldição de se lembrar de tudo.
Puck pensa que os dois se parecem com Guts e Caska.
Rita olha para Guts que está calado e pergunta se eles são mesmo como Balzac e Annette.
Balzac arremessa Annette e diz que o caminho que andou talvez esteja manchado de sangue mas ele seguirá até o final. Ele então ingere a poção curativa extraída da Mandrágora e se transforma em um poderoso guerreiro Mandragorano equipado com duas alabardas.


Uma batalha tensa se desenrola entre o Espadachim Negro Guts e o Lorde Invulnerável Balzac.
Guts vence e Puck diz que encontrou Caska. Puck apressa Rita, que ao correr acaba deixando cair o pingente outrora pertencido à Eriza.


Guts, Rita e Puck correm pelos corredores do castelo enquanto raízes enormes surgem por todos os lados.
Após andar muito eles chegam até um enorme Mandrágora que mantém Caska dentro de si.


Guts mata a gigantesca Mandrágora e recupere Caska de volta.
Ele segura Caska em seus braços:

“Caska, Caska, Acorde!”

“Guts?” ela pergunta.

“Caska, sabe…quem eu sou?”

“Guts! Querido…estava sonhando. Era um sonho horrível!”

“Caska.”

“Guts.”

O contato prolongado dentro da Mandrágora havia feito Caska recobrar momentaneamente sua consciência.

“Caska! Caskaaa!” Seu despertar durou um curto período sob os braços de Guts, então ela voltou a seu estado inicial.
Guts a envolve em um forte abraço enquanto Rita e Puck assistem a tudo.
Puck diz que a Mandrágora deixa saudável uma pessoa louca, mas enlouquece uma pessoa sã.
Rita lamenta por Guts pois ele estava muito perto de conseguir seu objetivo…
Enquanto isso, Guts leva a mão em sua nuca, sentindo uma forte reação em seu estigma.

“Maldito!” Ele já supõe o que aconteceu.


Momentos atrás –

Balzac está estirado no chão ferido mortalmente. Annette está ão seu lado e ele diz que finalmente chegou a hora para que seu corpo se afunde em sangue. Ele está entre a vida e a morte e Annette – ironicamente – cai em gargalhadas.

“Você acha engraçado, querida? Realmente, é mesmo, Annette…” ele também começa a rir.

Enquanto isso o Beherit azul é atingido pelo sangue que escorria de Balzac. O desespero faz com que seus olhos, boca e nariz se reconfigurem para um rosto humano. Ele chora sangue e emite um grito sobrenatural.


O local se transforma em outra dimensão e Balzac contempla quatro seres.
Slan, Ubik, Conrad e Void.

Guts corre em direção ao salão de Balzac e quando abre a porta se depara com um monstro.
Puck pergunta o que é aquilo.
Guts diz que Balzac fez um sacrifício. O maldito sacrificou a própria mulher!


Furioso, Guts parte para cima do monstro. Em sua forma apóstolo, Balzac se tornou uma quimera draconesca, a mesma criatura vista nos estandartes de seu reino, um monstro gigante de quatro patas e cinco cabeças.

Ele tem um torso humano fundido à uma cabeça de dragão e chifres de besouro. O tronco da quimera contém barbatanas de peixe e sua cauda é como uma cobra. Suas cabeças são de pantera, lobo, peixe e águia.
Após uma batalha insana e mortal, Guts derrota o apóstolo.
Cinzas caem pela cidade anunciando a queda do tirano Balzac. As pessoas voltam ao normal.

“Parece que tudo se acalmou” diz Puck.

“Não exatamente” rezponde Guts

“Saia dessa cidade monstro” diz um cidadão enquanto ataca outra pessoa com um pedaço de pau.

“Não queremos Mandragoranos por aqui” diz outro.

“Espere, eu não sou um Mandragorano” responde o acusado.

“Era verdade, ambiciosos e cruéis, assim são os humanos” relembra Guts enquanto abraça Caska.

Rita olha para trás e vê pessoas se agredindo, então segue Guts e Caska.
Após sairem da cidade é hora da separação.

“Então é aqui que nos despedimos” diz Rita.

“Rita, você pode cuidar de si mesma? pergunta Puck.

“Está brincando, eu sempre cuidei de mim mesma. Não se preocupe amigo, sou uma grande garota.”

“Poderá ir aonde o vento te leva” diz Guts.

“Me pergunto, se um dia irei encontrar algo pelo qual lutar” questiona Rita.

“Se cuidem, sempre me lembrarei de todos vocês.”

Guts levanta Caska e Puck diz que ele está frio como de costume. Porque não poderia dizer algo bonito pra variar?

“Você já fala por nós dois” diz Guts enquanto parte.

“Você é sempre tão mal-humorado…” Puck resmunga.

Rita observa, junto de seu cãozinho Iruku, a partida do guerreiro e sua protegida.

“Obrigada.”


Epílogo

No salão real destruído do castelo de Balzac, passos de cavalo são ouvidos.
Um cavaleiro com armadura de caveira se apresenta. Ele desmonta seu cavalo e procura por algo.
Ele estende sua mão e captura o Beherit azul que estava em posse de Balzac. Ao adquirir o objeto, ele abre sua boca e ingere o Beherit azul.
Cumprindo seu objetivo, Skull Knight parte em seu cavalo pulando do alto do castelo.

—————————— Fim —————————–

Curiosidades:

Kentaro Miura foi o responsável pela história do jogo, assim como a criação dos personagens e cenários. Diante desse fato pode-se considerar a história como canon no universo berserk.

Miura lançou um artbook chamado “Visual & stories files” onde existem ilustrações dos personagens, esboços e cenários feitos para o jogo. Há também uma entrevista com ele no final.

A história do jogo acontece entre os volumes 22 e 23 do mangá. Mais precisamente após os eventos da torre do renascimento em Albion, logo depois de Guts recuperar Caska e antes de se juntar a Isidro, Serpico e Farnese.

A base da história da Mandrágora no jogo pode ter sido baseada no mito das Mandrágoras existentes em várias partes do mundo.

A trilha sonora é, em parte feita por Susumu Hirasawa, que compôs a maravilhosa abertura “Forces II” e o encerramento “Indra.”

1 Comment

  • sword of the Berserk guts rage do Dreamcast é meu jogo favorito

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