Berserk – O Cavaleiro Dragão Flamejante – Prólogo (traduzido)

O The Band of The Hawk orgulhosamente apresenta o projeto de tradução da novel de Berserk. Lançada em diversos países mas ainda inédita no brasil, resolvemos trazer para vocês esse material interessante que foi contado em forma de livro. Faremos a tradução lançando aos poucos em capítulos.

Nota: Algumas frases tiveram que ser alteradas para fazer mais sentido em português. Mas isso não alterará nada, pois são apenas mudanças necessárias para facilitar a compreensão de vocês.

Sem mais delongas, vamos à história:

Novel escrita por Makoto Fukami.

Arte e história original de KentaroMiura.

Tradução e adaptação de Dk Ferreira.

 

BERSERK: O CAVALEIRO DRAGÃO FLAMEJANTE

 

 

A história que será contada tem sem dúvidas o necessário para se tornar uma linda lenda. A lenda de uma corajosa virgem que sacrificou sua vida para aplacar a ira de um terrível dragão. Mas contar essa história deste modo significaria brincar com a verdade. Porque algo que é lindo e ao mesmo tempo verdadeiro, pode neste mundo ser a grande diferença. E assim, os seguintes registros testemunham como este mundo realmente era antes de as coisas se tornarem lendas. Eles relatam eventos sobre um mundo onde Guerra e violência eram algo comum no cotidiano. De um Continente, onde a espada e o fogo governavam; de Povos inteiros, que eram torturados pela Santa Inquisição; e de uma Igreja, que colocava a fé ao seu único Deus acima de todas as outras coisas. Um Mundo que era um pouco mais que uma interminável sucessão de guerras terríveis entre poderosos e ricos, que lutavam constantemente pela supremacia…


 

PRÓLOGO

 

A falecida estava na mortuária da guarda principal da cidade deitada numa mesa de pedra. Ela tinha sido brutalmente abusada e estava demasiadamente desfigurada, tanto que não se conseguia reconhecê-la. Até poucos dias atrás, este corpo pertencera a uma linda mulher de beleza incomum, mas agora já não existia mais nada dela nele que a lembrasse. A cabeça, os braços e as pernas tinham sido separados do tronco do corpo de tal maneira que o cadáver estava disposto em seis partes. Nessas condições, seria necessário o olho treinado de um cirurgião ou a experiência de um soldado acostumado a visão da morte para distinguir o sexo do cadáver.

Dois homens estavam parados ao lado da mesa onde a falecida jazia. Um dos homens se preparava para poder examinar o cadáver com mais precisão. Ele era um barbeiro, mas também trabalhava como médico-cirurgião. O Grêmio dos Barbeiros, apesar de não serem cirurgiões, eram treinados no uso de facas e navalhas, de maneira que esse era o motivo pelo qual seus membros, na maioria das vezes, acabavam também dominando habilidades na área cirúrgica. Quem precisava ter sua ferida costurada, preferia confiar nas mãos de um barbeiro do que nas de um charlatão qualquer. E foi assim que, nessa cidade, muitos dos barbeiros acabou por tornarem-se aptos como médicos-cirurgiões. Esta cidade era Nordcapity, capital do grão-ducado de Grant.

O corpo da falecida foi encontrado na grande feira, você diz? — perguntava o barbeiro.

Sim, isso mesmo respondeu o capitão da guarda da cidade. Na verdade, foi no portão de entrada que leva a grande feira, porque o local em si esteve trancado a noite inteira. Ela estava pendurada lá. Alguém a pendurou no arco acima do portão…bem…como uma… marionete suspensa por fios…

O barbeiro engoliu em seco. O que estava diante dele era sem dúvidas um cadáver incomum. Ele observava a cabeça da morta. Claramente haviam-na golpeado várias vezes enquanto ainda estava viva. Isso era evidente pelo forte inchaço e pelas manchas vermelhas e pretas que estavam espalhadas pela cabeça. Os lábios da defunta estavam rasgados e inchados. Quando o barbeiro os empurrou para trás, ficou claro que seus dentes incisivos estavam faltando, o que deu a entender que foram despedaçados com algo duro e sem corte, como por um martelo. Dentes incisivos que, sob a fúria de um martelo, foram despedaçados… Um frio assustador desceu pela espinha do barbeiro.

Nos braços, pernas e tronco do cadáver se encontravam diversos cortes, como se alguém tivesse, com uma pequena lâmina afiada, arranhado ou raspado pedaços de carne do corpo. E as pistas de fortes sangramentos revelavam ao barbeiro que a mulher ainda vivia enquanto estava sendo mutilada desta forma. Tudo indicava que o assassino tinha tomado muito cuidado enquanto agia, para que sua vitima não acabasse morrendo rápido demais. As mãos e os tornozelos estavam com marcas de correntes, que tinham se enterrado na carne da vítima. Aparentemente, a mulher tinha sido acorrentada há algum tempo. O que o barbeiro via aqui não deixava a menor dúvida de que eles estavam lidando com um criminoso extraordinariamente cruel. O que o mais deixava inquieto era a circunstância; o fato de já se tratar da terceira mulher brutalmente morta desde o início do ano. Todas as três vítimas tinham sido levadas para esta mortuária, e todas as três tinham sido examinadas por ele.

Passos se aproximavam. O barbeiro e o capitão se entreolharam questionando quem poderia ser. Um homem grande, cujo corpo estava envolvido num manto negro com capuz, tinha entrado na sala.

Quem é? — O capitão perguntou rapidamente.

Mas, ao invés de uma resposta, o misterioso visitante soltou apenas um grunhido carrancudo. Em seguida, jogou o seu capuz para trás e revelou sua face. Quando o barbeiro e o capitão finalmente se deram conta com quem estavam lidando, eles rapidamente se posicionaram.

— Perdão, senhor! — Exclamou o capitão.

O misterioso visitante era ninguém menos que o general Kirsten, comandante do alto escalão das Forças Armadas reais de Grant. Com o seu robusto corpo, seus ombros largos e seu pescoço de touro, ele, com os seus 60 anos e cabelos brancos como a neve, era uma aparição imponente. O rosto de Kirsten era coberto por velhas cicatrizes. Dos seus olhos, só se enxergava dois pequenos riscos. E os sulcos, que tinham se impregnado em sua testa, deixavam claro que ele havia passado muito tempo, provavelmente tempo demais, em campos de batalha.

Essa é o número três?

— Sim senhor…

—Os dois primeiros relatórios eu já li.

— Senhor?

— Nós chegamos a um ponto em que devo pessoalmente assumir a busca pelo assassino.

— O que o senhor está queren…

O capitão e o barbeiro arregalaram seus olhos.

— Certamente que os moradores dessa cidade estão vivendo com medo devido aos incidentes. — disse o capitão — Mas permita-me dizer senhor… será que nosso país não tem ameaças muito maiores para enfrentar? Como nosso arqui-inimigo, Tudor… não podemos permitir que um grande general como o senhor perca o seu tempo com essas trivialidades!

— Suas palavras são de fato razoáveis. — respondeu o general enquanto soltava um suspiro. — Mas por outro lado, percebi algo enquanto lia os relatórios. As vítimas eram todas mulheres que foram conhecidas por sua incrível beleza. Isso certamente não é uma coincidência. E essas três mulheres não eram exatamente alvos fáceis, já que não faziam parte do povo mais humilde. Todas foram mantidas em cativeiro por um tempo e, depois de mortas, foram postas em locais públicos para exibição.  — Os minúsculos olhos do general cerravam-se ainda mais. — Se meu instinto estiver certo, o culpado é uma pessoa de status e renome. Um nobre…

O capitão e o barbeiro soltaram um leve gemido. Kirsten continuou:

— E se esse for o caso, a Guarda Real da cidade não conseguirá chegar muito longe na busca pelo culpado. Portanto, deixem todo o resto comigo! Eu escolherei um cavaleiro que não tenha reputação nobre e o enviarei na busca.

— Sim, senhor! —  Exclamou o capitão.

— Apesar de eu desejar que meus instintos, para variar, estejam errados…

†  Fim do Prólogo  


Na próxima postagem, teremos a tradução completa do capítulo 1, já contando com a aparição de Grunbeld.

Curtam, comentem e compartilhem 😉

Até a próxima!

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